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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pacto

(Foto: Maria Busanovsk)

Pacto
        "Pacto é um trem esquisito menino, ocê vai pra encruzilhada e fica esperando. Aí vem uns trem trapaiado! Um dia vem uma vaca branca dando de mamar pruns leitão. Os leitãozinho tudo atrás da vaca branca querendo mamar. Despois vem uma porca branca com sete galinha querendo mamar. As galinha tudo atrás da porca branca querendo mamar! Outro dia veio uma égua lá com um bezerro. Despois veio um boi lá berrano soltando fogo pelas venta, pra todo lado soltando fogo. Despois veio um cavaleiro, montado lá no cavalo todo enfeitado de ouro, diamante, aquela trenheira. Pode saber que é o capeta. Mas tem cisma não. É só não descuidar e tirar um ponteado bonito. O tinhoso se encanta com a viola e, como que enfeitiçado, não leva a alma da gente. Ele é incapaz de carregar um homem que vive das belezas. Então deixa pro outro dia, dando gosto maior para a perseguição.
Por isso é que se carece de religião: para se desindoidecer, desdoidar. Reza é que sara da loucura. Reza é que dá coragem."

(Trecho adaptado da peça "Ser tão de Rosa ou o ritual do pacto do violeiro com o diabo", livremente inspirado nos textos de João Guimarães Rosa)


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