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quinta-feira, 10 de maio de 2012

TAPERA CAÍDA


Tapera Caída

(João Pacífico)

(Foto: Du Machado)


Cabocla, se ocê soubesse
Quanto meu peito padece
Sofrendo tanta maldade
Vancê, eu sei, num se ria,
Mostrando tanta alegria,
Vendo eu chorar de sodade.
Essa sodade marvada,
Que fez no peito morada,
Depois que ocê me deixou,
Como tapera caída
Que foi p'os mato invadida
Depois que os dono mudou.
Vancê num sente saudade,
Ri de felicidade,
Tem outro amor,
Tem prazer.
Mas vancê, eu sei,
De contente,
Tem inveja dessa gente
Que não sabe o que é sofrer.
Cabocla se ocê soubesse
Quanto meu peito padece,
O que já passei na vida,
Vancê roçava esse mato
Que invadiu só de ingrato
Essa tapera caída.
Mas eu comparo a saudade
Com essa grama tiririca,
As foia verde se arranca,
Mas a raiz sempre fica.
E o coração é morada,
Sem morador não tem vida.
Vorte a reconstruir
Esta tapera caída

João Pacífico

(Foto: Bernardinho G. Novo / CEDOC FPA)
João Batista da Silva, mais conhecido pelo apelido de João Pacífico foi um célebre compositor de música caipira, autor de muitos clássicos de nossa música popular brasileira como Cabocla Tereza e Chico Mulato. Teve parcerias com outros importantes compositores como por exemplo Raul Torres.
Nasceu no Núcleo Colonial de Cascalho, antiga fazenda Cascalho, zona rural de Cordeiro, hoje Cordeirópolis. Filho de José Batista da Silva, maquinista de trem e de Domingas, ajudante de cozinha da Fazenda Ibicaba, do Cel. Levy. Sua vida no campo foi curta, mudando-se para a cidade aos sete anos de idade. Revelou seu talento artístico já em criança, quando era comum vê-lo declamar poesias timidamente e cantar para colegas e professores. Apesar da importante apresentação, teve de insistir muito para convencer o radialista e cantor Raul Torres a ler a letra da embolada Seo João Nogueira, que lhe rendeu um contrato na rádio e um convite para parceiro com o próprio Raul Torres. A música foi gravada na Odeon em 1934 e teve boa aceitação. Em janeiro de 1935 a gravadora lançou uma nova versão na interpretação de Raul Torres e sua Embaixada, com a participação da cantora Aurora Miranda. O disco fez enorme sucesso e animou Raul Torres a continuar a parceria com aquele jovem compositor. Na época gravaram várias músicas entre elas O Teu Retrato, O Vizinho me Contou, Coroa de Estrelas e Foi no Romper da Aurora.
Em 1955, aos 46 anos e com pneumonia, conheceu Deolinda Rodella (Deda), filha de italianos, separada, que falava vários idiomas e trabalhava como tradutora numa empresa de telégrafos. Ela o acolheu em sua casa e passou a cuidar dele até que se restabelecesse. No inicio foram amigos apenas. Mas a amizade foi crescendo e transformou-se em amor para sempre. Em 1958, nasceu o único filho do casal que recebeu o nome do pai: João Baptista da Silva, o Tuca. João e Deda se casaram em 1983, após 38 anos de convivência. Dois anos depois nasceu a neta Ana Carolina, filha de Tuca, que daria muitas alegrias a João Pacífico. Para tristeza de João, Deda faleceu em 1990. Com a morte de Deda em 1990, os atritos em família e a descoberta de uma doença grave, fizeram com que em 1995, João Pacífico aceitasse o convite para morar com Freddy e Maria Antonia no Sítio Pirangi, em Guararema, onde teve a possibilidade de passar seus últimos dias no campo, como ele desejava: tomando uma cachacinha na varanda, ouvindo modas de viola com os amigos ou brincando com os gansos à beira do lago.
João Pacífico morreu no dia 30 de Dezembro de 1998, em Guararema, onde foi enterrado com a presença de poucos amigos que cantaram algumas de suas obras imortais.







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