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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Amor por Drummond

(Foto: Du Machado)

As sem razões do amor


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

(Carlos Drummond de Andrade)



Carlos Drummond de Andrade, nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas. Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925.
     Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil. Importante artista do Modernismo brasileiro. Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
      Há várias homenagens ao poeta pelo Brasil. E uma delas, talvez a mais famosa, a estátua de bronze sentada num banco na praia de Copacabana no Rio de janeiro como mostra a foto de Carlos Vieira.


(Fonte: www.releituras.com/drummond_bio.asp) 




quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

MODO DE FAZER VIOLA DE COCHO


PARTE 1 
A Viola de Cocho é um instrumento musical singular quanto à forma e sonoridade. Produzido exclusivamente de forma artesanal, com a utilização de matérias-primas exixtentes na Região Centro-Oeste do Brasil.



 O seu modo de fazer foi registrado no Livro dos Saberes em 14/011205 pelo 
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

"O Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, instituido pelo Decreto 3551/00, é um instrumento legal de preservação, reconhecimento e valorização do patrimônio cultural imaterial brasileiro, composto por aqueles bens que contribuiram para a formação da sociedade brasileira. Consiste na produção de conhecimento sobre o bem cultural imaterial em todos os seus aspectos culturalmente relevantes." 


PARTE 2  

"Esse Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial é aplicado àqueles bens que obedecem às categorias estabelecidas pelo Decreto 3551/00: Celebrações, Lugares, Formas de Expressão e Saberes, ou seja, as práticas, representações, expressões, lugares, conhecimentos e técnicas, que os grupos sociais reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural."


PARTE 3

Com o Registro, os bens recebem o título de Patrimônio Cultural do Brasil e são inscritos num dos quatro Livros de Registro, de acordo com a categoria correspondente. Assim foi registrado o modo de fazer viola de cocho. Tornando-se um patrimônio cultural e imaterial do Brasil.

O QUE É UM PATRIMÔNIO IMATERIAL?

A Constituição Federal de 1988, nos artigos 215 e 216, estabeleceu que o patrimônio cultural brasileiro é composto de bens de natureza material e imaterial, incluídos aí os modos de criar, fazer e viver dos grupos formadores da sociedade brasileira. Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas e nos lugares, tais como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas. 
Essa definição está em consonância com a Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, ratificada pelo Brasil em 1° de março de 2006, que define como patrimônio imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural".
Enraizado no cotidiano das comunidades e vinculado ao seu território e às suas condições materiais de existência, o patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado e apropriado por indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade.


 (Fonte: www.iphan.gov.br)


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O QUE EU SOU?

(Foto: Michelle Lima)

O que eu sou?

Eu sou...acho que ação estática.
 Eu sou um mosquito que voa e morre com meu tapa. Eu sou as cordas de uma viola em busca da música perdida. 
Eu sou ciúme. Eu sou solidão. Eu sou lembrança de uma família esquecida. 
Eu sou o plágio do pensamento de poeta. 
Eu sou a esperança roubada do humilde que sonha.
Eu sou o goso com s esvaindo-se pelo ralo.
Eu sou vontade contida. Eu sou um filho sem pai.
Eu sou um livro escrito com palavras apagadas ainda por ler.
Eu sou sim!
O resquício de veneno humano. O sorriso inocente de uma criança.
Eu não sou uma rosa!
Eu sou o cosmos de um terreno baldio. Eu sou uma abelha sem mel.
Eu não sou nada disso! Eu sou tudo isso!
Eu sou confusão demasiada.
Acho que sou um pingo d'água na boca do morto que ainda morre.
Acho que sou chama de uma vela ainda acesa. 
Uma foto qualquer. O prazer de uma mulher.
Eu sou o tudo! Eu sou o nada! Eu sou Raul Seixas.
Eu sou somente sendo.
Eu sou uma mentira.
Eu sou um pum!
Ah! Eu sou...eu sou...eu penso que sou.
Então eu existo? Sei lá.
Mas de verdade! O que eu sou?