Contato

Contato: dumachado10@yahoo.com.br

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pan

(Foto: Du Machado)

PAN
         Na mitologia grega é o deus dos rebanhos e dos pastores, mencionado geralmente como filho de Hermes. Oriundo da Arcádia, mas cultuado em toda a Grécia, Pan mostrava-se como um demônio com a aparência de homem da cintura para cima e como bode da cintura para baixo, com chifres caprinos. Pan seria filho de Penélope com Hermes (ou com todos os pretendentes à sua mão), ou de Urano (o Céu) e Gaia (a Terra), ou de Cronos e Rea, ou de Zeus e de Híbris, ou de Zeus e da ninfa Calisto, ou de Áiter com a ninfa Oinoe, ou do pastor Crátis com uma cabra. Finalmente ele seria filho de Hermes com a filha de Dríops. Nesta última versão da lenda sua mãe teria ficado assustada com o filho monstruoso que dera à luz, mas Hermes envolveu o recém-nascido numa pele de lebre e o levou para o Olimpo. Lá ele foi recebido por todos os deuses, principalmente Diôniso, em cujo cortejo Pan aparecia juntamente com os sátiros e Sileno, aos quais se assemelhava. Os deuses ter-lhe-iam dado o nome Pan porque ele agradava a todos (Pan em grego é igual a “tudo”) Numa das fontes da lenda Pan aparecia como irmão gêmeo de Arcás, herói epônimo da Arcádia.

  A atividade sexual de Pan, como a dos Sátiros, era incessante, seja com ninfas, seja com rapazes, e quando lhe faltavam parceiras ou parceiros ele satisfazia-se a si mesmo. Os romanos identificavam geralmente Pan com o seu deus Fauno, e às vezes com Silvano.
Era visto normalmente tocando uma flauta com a qual atraia e seduzia quem e o que ele desejasse. As fotos foram tiradas de uma estátua de um hotel em Petrópolis-RJ. Aqui Pan parece possuir uma mulher.
     

Fonte: Dicionário de Mitologia Grega e Romana de Mário da Gama Kury

A essência da viola caipira não é a mesma do violão...

(Foto: Du Machado)

Vamos parar de insistir em dizer que viola é a mesma coisa que violão. São instrumentos diferentes apesar de alguns dizerem que é a mesma coisa. Não é. A diferença não está só nas seis cordas do violão e nas dez cordas da viola com suas dezenas de afinações e os vários ritmos tradicionais. Vale lembrar que historicamente a viola é anterior ao violão. O que é uma viola então?

Acredita-se que os primeiros instrumentos musicais foram, provavelmente, adaptações de utensílios destinados a outros usos. Por exemplo, a partir do som produzido por golpes de machado de pedra no tronco oco de uma árvore, talvez se descobriu o tambor. Do caule, da tíbia perfurada, ou até mesmo dos chifres de alguns animais fez-se a flauta, os trompetes e demais flautins primitivos, como o berrante usado ainda hoje por boiadeiros pra chamar o gado. Do arco de flecha, o arco de caçador, talvez tenha feito o arco musical, que inspiraria o surgimento de diversos instrumentos de corda como a cítara, os alaúdes e todos os demais cordofones.
Sabe-se que por volta do século VIII a.C, no Irã surge o ancestral de um alaúde, que reinaria nas mãos dos menestréis e trovadores até alcançar as elites européias do século XV. A história registra desde o antigo Egito, o uso musical de uma diversidade de cordofones, tangidos com arco ou simplesmente dedilhados, tendo, seus remanescentes, recebido, durante a idade média e a renascença, a denominação geral de “vihuella” ou em nossa forma conhecida em português como “viola”, composta normalmente por um conjunto de cinco cordas duplas ou triplas.

(Foto: Du Machado)

Em seu “Estudo sobre a viola” Rossini Tavares de Lima, mostra-nos que o termo viola já era utilizado no século XIII, como sendo um instrumento de trovador.
É importante ressaltar que a “violle”, no francês, “viol” no inglês, “vihuella” no castelhano ou simplesmente viola foi aos poucos perdendo seu prestígio na corte européia e substituída pelo cravo e a nova guitarra espanhola, de seis cordas singelas, parecido com o atual violão, de recursos técnicos mais amplos, difundido em todo o continente como instrumento moderno, de feição mais citadina.
No entanto, já introduzida aqui no Brasil por volta do século XV e XVI pelos jesuítas e colonos portugueses para servir na difusão da cultura européia sobre os povos que aqui existia, a viola foi sendo cada vez mais introduzida e absorvida no interior do Brasil como instrumento capaz de servir ao espírito do homem que ali vivia.  E lá ficou “esquecida”. Esquecida das escolas alemãs, francesas e italianas e de toda a elite européia e de todas as pessoas que seguiam tais correntes culturais.
Enquanto o violão ou a nova guitarra espanhola, de recursos técnicos mais amplos era popularmente difundido no mundo inteiro como instrumento capaz de atender aos anseios de músicos, compositores e estudiosos, a guitarra portuguesa ou viola, caía em desuso principalmente por conter significações preconceituosas ao seu respeito. Muitas vezes atribuída como instrumento demoníaco, de uso dos “amigos dos diabos”. Os ditos violeiros eram muitas vezes acusados por procuradores de roubarem as casas dos homens, dormirem com suas mulheres, filhas ou criadas, às quais “como ouvem tanger a viola, vamlhes desfechar as portas”. Mentira ou verdade o fato é que o clima de hostilidade da sociedade contra a popular viola da época contribuiu para o seu desuso.

Seu Manelim mostra com a viola caipira toques tradicionais como
o lundu, a inhuma e o rio abaixo

No Brasil, a viola manteve-se praticamente intacta, conservando a forma e estrutura básica da viola portuguesa. Por volta do século XIX, com o mesmo padrão da viola fadista as violas brasileiras eram difundidas e encontradas entre os violeiros tradicionais e fabricadas artesanalmente. Além de manter inalteradas as principais características do instrumento português, preserva também seu forte caráter popular. Encontrada em todas as regiões brasileiras, especialmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
Aqui no Brasil, a arte do ponteio da viola esteve sempre ligada à oralidade, passada de pai pra filho. Graças a alguns violeiros e pesquisadores hoje se encontra um bom material editado em livros, vídeos e áudio para o seu aprendizado.

(Foto: Du Machado)

Agora eu cá pergunto: pinicado, cururu, belzebú, lundu, umunbú, cebolão, moedão, catira, curraleira, tinhoso, inhuma, cintura fina, gabiroba, mangaba, calango, toeira, cocho, canotio, rio abaixo, siriri, buriti, murici, siriema, sarã... Ufa! Haverá algum violonista que sabe o que é isso tudo? Um violeiro normalmente saberá todas essas significações e tantas outras que não citei aqui. Como nos diz Paulo Freire “A viola tem uma cultura própria. Violeiro é obrigado a conviver com a proximidade do capeta, tem que ter um pé na roça, trazer o sertão para dentro do instrumento. Tem violeiro que toca com 11 dedos – os dez das mãos mais o rabinho do tinhoso”. “Além disso, existem as questões técnicas de execução do instrumento, diferentes em cada canto do Brasil.
Isso de um sujeito apontar para um violão e pedir: “ô mano, passa essa viola aí pra mim”, é o mesmo que apontar para um Dom Casmurro e falar: “ô mano, passa esse Grande Sertão aí pra mim”. São diferentes profundidades”.

 (Foto: Du Machado)                  Viola de Cocho


Viola caipira, viola cabocla, viola de dez cordas, viola de pinho, viola brasileira, viola de arame, viola do capeta, viola sertaneja, mocinha, delicada. São muitos os nomes atribuídos ao mesmo instrumento. Mas mesmo mantida sua estrutura básica pelo Brasil afora, as tradições musicais de cada região determinaram o aparecimento de outros tipos de violas como a viola de bambu, viola de cabaça, viola de buriti e a viola de cocho.  Em cada lugar das regiões culturais do país, a sonoridade da viola, o toque do violeiro, e a afinação podem variar, indicando correntes ancestrais e influências diversas.

Independente do formato, do uso, da maneira de tocar, de afinar, a viola jamais perderá sua sonoridade puramente brasileira. E estará vinculada a uma série de manifestações culturais tradicionais do nosso povo, fruto da miscigenação das culturas diversas. Ela expressa “a identidade de um universo cultural povoado de bichos, gente, santos, mitos, lendas e histórias fundamentais para a manutenção da riqueza simbólica de nosso país”. Faço coro a Ivan Vilela que diz que o violeiro tradicional é o único capaz de realizar o trânsito entre o mundo sagrado e o profano, é a única pessoa que toca nas festas de folias-de-reis, de cururu, nas festas do Divino, nas festas de São Gonçalo e faz o pacto com o capeta pra tocar direito os cateretês, os catiras, os recortados, os lundus, os calangos, os pagodes de viola, os siriris, os rios abaixo e outros tantos toques.

(Foto: Igor Rodriguez)

Poderíamos aprofundar nossa observação, mas nosso intuito é somente realizar uma panorâmica diferença entre a viola caipira e o violão. O que podemos fazer em momento oportuno, com melhor empenho científico sem ignorar termos mais técnicos e necessários. Portanto restrinjo-me aqui somente a falar um pouco da viola caipira afim de demonstrar que além da diferença de quantidade de cordas, afinações e os vários ritmos que nela se toca há outras diferenças específicas que a distingue completamente do violão. “Acho que pra você entender um pouco a alma brasileira você tem que entender um pouco a alma da viola”. Onde foi mesmo que ouvi isso?

Referências:
Andrade, Julieta de. Cocho Mato-grossense: Um alaúde Brasileiro – Escola de Folclore. São Paulo: Ed. Livramento, 1981.
Abel Santos Anjos Filho - Uma Melodia Histórica: eco, cocho, cocho-viola, viola de cocho.
Corrêa, Roberto.  A arte de Pontear Viola.- Brasília, Curitiba: Ed. Autor. 2000
IPHAN – Dossiê 8, Modo de fazer Viola de Cocho - 2009
Tinhorão, José Ramos. Cultura Popular:Temas e Questõe - São Paulo: Ed 34, 2001
Documentário: Violeiros do Brasil, de Myriam Taubkin e Sérgio Roizenblit
Links: http://www.voaviola.com.br/blog/?p=187 / em 17/08/2011 às 15:56
http://www.youtube.com/watch?v=o_SMZ36EBWM&feature=player_embedded / em 29/08/2011 às 16:35
Agradecimentos:  Fábio Neves e Milena Lima

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O sono das águas

(Foto: Michelle Lima)

O sono das águas*
Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.


Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d’água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir…
(Foto: Du Machado)

Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes…

Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono…
(João Guimarães Rosa)

*Esta poesia está no livro Magma. Único livro de poesia de Guimarães Rosa editado.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Satchita


"Este é um vídeo que faz uma viagem musical do Brasil à India. É bom sentir o amor do mundo que se une com o poder da música"

Compartilhe com todos! Faz bem e é bom!
Obrigado Luciano!
Mas eu me esqueci de uma coisa...
o que significa mesmo Satchita?